Jardinagem em Montes Claros é realizada por detentos

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 Jardinagem de praças e parques de Montes Claros é realizada por detentos do Presídio Alvorada

Presos participam de projeto Para Além das Prisões, que transforma espaços públicos por meio do plantio, capina e limpeza

 

Noções de botânica, condições ambientais e sistemas de cultivo são apenas alguns dos ensinamentos repassados aos detentos que participam do projeto Para Além das Prisões, desenvolvido pelo Presídio Alvorada, em Montes Claros, em parceria com a prefeitura municipal, Conselho da Comunidade, Polícia Militar e Ministério Público. Do lado de fora da unidade prisional a segunda turma do projeto, que conta com a participação de nove presos do regime semiaberto, transforma praças e parques e contribui diariamente para a harmonização e limpeza dos espaços públicos.

A segunda turma do Para Além das Prisões iniciou os trabalhos de jardinagem e prestação de serviços públicos em Montes Claros há uma semana. A iniciativa, que teve início no ano de 2017, conta com apoio crucial da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que cede seus servidores para a supervisão técnica das atividades, com o apoio da Polícia Militar. Quatorze detentos já passaram pelo projeto e ajudaram a transformar as áreas de lazer do município.

A analista Executiva da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) Andréia Leal Cardoso, trabalha no Núcleo de Trabalho e Produção da unidade prisional e conta que a grande novidade desta segunda turma foi a autorização concedida a uma presa para realizar serviços administrativos junto à secretaria municipal de meio ambiente do município. “O Para Além das Prisões é uma excelente oportunidade para os presos se reintegrarem à sociedade. Além de aprenderem uma nova profissão, têm a chance de ocupar a mente com algo proveitoso, realizando serviços de interesse da sociedade em espaços públicos que necessitam de cuidados especiais”, explica.

Paulo César Silva, 36 anos, conta que a oportunidade em participar do projeto lhe trouxe conhecimentos técnicos relacionados à atividade de soldador e jardinagem, além de trazer novas perspectivas de cidadania. "É bem satisfatório participar desse serviço, pois quando a gente termina o dia percebemos como ficou bonito o lugar. Mas o mais importante é a oportunidade de interagir com a sociedade novamente. As pessoas não nos veem como presos, mas sim como um trabalhador comum", afirma o detento.

 

Participação da comunidade

As ações que visam a reintegração do indivíduo preso ao convívio social passa por órgãos públicos relacionados à segurança e à justiça, no entanto a participação de agentes civis das diversas esferas é fundamental para que a reinserção seja bem-sucedida.

O superintendente de trabalho e ensino da Seap, Guilherme Lima, fala da importância das parcerias para o sistema prisional mineiro e explica que o Conselho da Comunidade é a representação legal da sociedade, prevista na Lei de Execuções Penais (LEP), no que se refere a fiscalização do sistema carcerário e na ressocialização dos condenados.

“Os conselhos estão vinculados à vara de execuções penais e são formados por voluntários das mais diversas áreas: de religiosos a comerciantes, advogados e familiares de presos. O mais importante é que esses cidadãos estejam dedicados a causa maior, que é a recuperação da pessoa sentenciada”.

O coordenador da Pastoral Carcerária e presidente do Conselho da Comunidade da Execução Penal da Comarca de Montes Claros, Dilson Antônio Marques, ressalta a importância da participação dos muitos parceiros envolvidos no Para Além das Prisões, destacando a secretaria de meio ambiente, a secretaria de desenvolvimento social e os empresários da cidade. “Atualmente os detentos do Presídio Alvorada exercem o trabalho voluntariado num período de 90 a 120 dias. Posteriormente o preso é encaminhado a um banco de oportunidades, criado com o apoio fundamental da prefeitura, juntamente com empresários do município”.

Todos os detentos selecionados para o projeto passaram por avaliação da Comissão Técnica de Classificação (CTC) do Presídio Alvorada e obtiveram autorização judicial para o trabalho externo, visando à ressocialização.