Governo de Minas Gerais assina Termo de Compromisso para construir biofábrica da bactéria Wolbachia no estado

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Ação, parte do Termo de Medidas de Reparação assinado entre Governo de Minas e Vale, será conduzida pela Fiocruz em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde

O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), com apoio do Comitê Gestor Pró-Brumadinho e da Advocacia-Geral do Estado (AGE-MG), assinou hoje, 11/3/2021, Termo de Compromisso para construção de uma biofábrica e implementação do Método Wolbachia para controle de arboviroses, doenças transmitidas por mosquitos, que terá o custeio operacional garantido por cinco anos, em municípios impactados pelo rompimento da barragem em Brumadinho. O Termo utiliza recursos do Termo de Medidas de Reparação, celebrado em 4 de fevereiro de 2021, entre a Vale, Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais e Ministérios Públicos Federal e do Estado de Minas Gerais, cujo objeto consiste na reparação dos danos ambientais e sociais decorrentes do rompimento da barragem B-1 em Brumadinho.  

A biofábrica vai produzir mosquitos portadores da bactéria Wolbachia, que serão soltos no ambiente para se reproduzirem com os Aedes aegypti locais e estabelecer uma população com Wolbachia. Esses insetos não são transgênicos, não transmitem doenças e ajudam no controle das arboviroses. A construção será em Belo Horizonte, com previsão para durar 15 meses, a partir da liberação do terreno cedido pelo Estado. O valor da obra está sendo estimado, tendo como orçamento preliminar R$ 10,7 milhões. A implementação do projeto Wolbachia terá um investimento de aproximadamente R$ 57,1 milhões, oriundo do Termo de Reparação.

O processo biológico se dará por meio do Método Wolbachia, implementado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em conjunto com o World Mosquito Program (WMP), em parceria com a SES-MG. Os mosquitos produzidos serão utilizados para controlar a ocorrência das arboviroses, como a Dengue, Zika e Chikungunya nos municípios da bacia do rio Paraopeba, impactados pelos efeitos do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, havendo a possibilidade de ser ampliado para outros municípios mineiros, caso haja disponibilidade financeira dentro dos valores engajados. Vale destacar que o acompanhamento dos dados de notificação de dengue nesses municípios não demostra alterações atípicas na ocorrência dessas doenças.

 Mais municípios serão contemplados com outras ações de combate às arboviroses pela SES-MG, que, de acordo com o secretário Carlos Eduardo Amaral, são estratégias específicas para as distintas demandas de cada macrorregião de saúde. “O Método Wolbachia é muito bem-vindo e chega a Minas para complementar nossas operações de controle das arboviroses, mas é muito importante que a população continue sendo protagonista no enfrentamento ao Aedes aegypti, seguindo as orientações, e também que os municípios informem o cenário epidemiológico à Secretaria para os devidos encaminhamentos e ações”, ressalta o secretário.  

A biofábrica

A biofábrica será construída pela Vale, com apoio técnico da SES-MG, Fiocruz e World Mosquito Program. A empresa será responsável por construir, equipar e mobiliar a estrutura, que será de propriedade do Estado de Minas Gerais. A operacionalização será conduzida pela Fiocruz e pelo WMP, que deverão realizar a implementação do projeto nos municípios impactados.

 A expectativa é que a liberação de mosquitos seja iniciada cerca de quatro meses após a entrega da biofábrica e a implementação completa do Método Wolbachia seja concretizada em cinco anos.

Método Wolbachia

O Método Wolbachia, iniciativa do World Mosquito Program (WMP), conduzida no país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), utiliza a bactéria Wolbachia para o controle de arboviroses, doenças que são transmitidas por mosquitos. O método consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais e possam estabelecer uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia. Os Wolbitos, como são chamados esses mosquitos, não são transgênicos e não transmitem doenças.

O método tem eficácia comprovada. “Estudo realizado na Indonésia apontou redução de 77% dos casos de Dengue nas áreas que receberam os mosquitos com Wolbachia. No Brasil, dados preliminares apontam redução de até 77% de casos de Dengue e 60% dos casos de Chikungunya em Niterói, onde o método é implementado desde 2015”, afirma o pesquisador da Fiocruz e responsável pelo método no Brasil, Luciano Moreira.

 A Wolbachia é um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Quando presente nestes mosquitos, impede que os vírus da Dengue, Zika, Chikungunya e Febre Amarela se desenvolvam dentro do mosquito, contribuindo para redução destas doenças.

Uma vez que os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com mosquitos de campo e ajudam a estabelecer uma nova geração de mosquitos com Wolbachia. Com o tempo, o percentual de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações.

Este método de controle das arboviroses foi desenvolvido na Austrália pelo World Mosquito Program e atualmente atua em 11 países e mais de 20 cidades. No Brasil, a iniciativa é conduzida pela Fiocruz, com financiamento do Ministério da Saúde, e atualmente está sendo implementada no Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Belo Horizonte (MG), Petrolina (PE) e Campo Grande (MS).  

Mais informações sobre o Método Wolbachia estão disponíveis no site:  wmpbrasil.org ou nas redes sociais: @wmpbrasil

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